Com os Jogos Olimpicos a decorrer apeteceu-me trazer este pensamento para o 3ap:
"A derrota, para a qual nunca estamos
preparados, de tanto não a desejarmos nem a admitirmos previamente, é afinal
um instrumento de renovação da vida. Tanto quanto a vitória, estabelece o jogo
dialético que constitui o próprio modo de estar no mundo. Se uma sucessão de
derrotas é arrasadora, também a sucessão constante de vitórias traz consigo o
germe dos apodrecimentos das vontades, a languidez dos estados pós-voluptuosos,
que inutiliza o indivíduo e a comunidade atuantes. Perder implica remoção de
detritos: começar de novo. Perdendo, após o emocionalismo das lágrimas,
readquirimos (ou adquirimos, na maioria das cabeças) o senso da moderação, do
real contraditório, mas rico de possibilidades, a verdadeira dimensão da vida.
Não somos invencíveis. Também não somos uns pobre-diabos que jamais atingirão a
grandeza, este valor tão relativo, com tendência a evaporar-se". [Após a
derrota da seleção brasileira em 1982, Espanha] - Drummond de Andrade.