«AFIRMAR O FUTURO
QUE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA PORTUGAL
Viriato Soromenho-Marques
Comissário da Conferência
Há uma pergunta clássica, que os povos repetem em todos os momentos críticos da sua história: “como poderemos transformar um período de declínio num ciclo de progresso?”. Essa pergunta foi colocada nos alvores da formação da moderna economia de mercado, no tratado de Adam Smith que fundaria a ciência económica, em 1776. Mas o que está hoje em causa na interrogação sobre a origem da riqueza das nações é muito mais complexo. Num sistema internacional, politicamente turbulento, mas financeiramente globalizado e interdependente, a questão sobre a raiz da riqueza ou da pobreza afectando povos inteiros tem de ser afinada e refinada com a ponderação de outras variáveis emergentes, como seja, para o caso de Portugal, os riscos inerentes à longa estagnação política da União Europeia, e a própria alteração do conceito de crescimento que a entrada em cena de uma crise global do ambiente necessariamente exige.
A história mundial dos últimos dois séculos mostra-nos, com abundância de casos comprovativos, que as políticas públicas são o principal instrumento da inteligência colectiva, capaz de contrariar as desvantagens das nações, seja no que concerne à escassez de recursos naturais, seja no peso acumulado de inércias históricas negativas. As políticas públicas são visões activas de futuros possíveis, capazes de mobilizar a sociedade para as tarefas do progresso material, mas também para o aprofundamento da justiça e o alargamento da cidadania. As múltiplas dimensões da crise que afecta hoje Portugal, exigem que sejamos capazes de nos reerguer e convergir como sociedade em torno de novas visões do futuro comum.
É neste contexto que temos de inserir o desígnio da Fundação Calouste Gulbenkian de promover nos próximos dia 6 e 7 de Outubro, na sede da Fundação, em Lisboa, uma Conferência subordinada ao tema: “Afirmar o Futuro – Políticas Públicas para Portugal”».