terça-feira, 29 de agosto de 2023

FILME |«A Conspiração do Cairo»|«UM MISTÉRIO UNIVERSITÁRIO»|EM EXIBIÇÃO





«Depois de dissecar os primórdios da dramática revolução egípcia em ‘Cairo Confidencial’ (2017), o realizador sueco, de origem egípcia, Tarik Saleh estreou na competição do Festival de Cannes 2022, este ‘A Conspiração do Cairo’ (‘Boy from Heaven’), um belíssimo e intenso thriller politico-religioso, que ganhou o Prémio de Melhor Argumento e que tardava chegar às salas de cinema».


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«Filho de um pescador, ao jovem Adam (Tawfeek Barhom) é-lhe oferecido o privilégio de ser admitido e estudar na Universidade al-Azhar, no Cairo, uma das escolas de maior prestígio para o ensino do islamismo sunita no mundo. A morte inesperada do Grande Imã, no dia do início do ano letivo, deixa um lugar vago na direção da prestigiada e influente instituição. Muito rapidamente, Adam vê-se envolvido num complexo jogo de intrigas, poder (e crime também) tornando-se um peão, numa implacável luta pelo poder e pela influência recíproca, entre a elite religiosa e política do Egito. Os primeiros momentos do filme, em nada sugerem um thriller político-religioso desta envergadura, mas antes um simples retrato da vida diária dos estudantes da universidade e da necessidade de substituição do Imã. Porém à medida que a história avança, o filme vai ganhando cada vez mais fôlego e ritmo, sobretudo na implacável abordagem que faz dessas lutas pela influência, que irão determinar a sucessão do Grande Imã e os preceitos islâmicos que influenciam o povo e o Estado. Assíduo em temas políticos-religiosos, o realizador nascido no Egito regressa assim a um assunto que lhe é bastante caro e que parece dominar na perfeição, nesta sua belíssima longa-metragem: a precisão do intrincado argumento e a elegância da realização, são notáveis e marcam este filme que faz lembrar os melhores thrillers de investigação política norte-americanos, saídos por exemplo das mãos de Alan J. Pakula (‘Os Homens do Presidente’, 1976) ou O Nome da Rosa (1986), o filme realizado por Jean-Jacques Annaud com Sean Connery e Christian Slater, a partir do romance de Umberto Eco». 

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«UM MISTÉRIO UNIVERSITÁRIO

Em ‘A Conspiração do Cairo’, Saleh cria também um grupo de personagens dúbias, que não se sabe muito bem se agem pela sua devoção pela doutrina de Islão, ou efetivamente em proveito próprio e imbuídos de uma ambição de poder, como em qualquer sociedade ocidental. É efetivamente o know-how jornalístico do cineasta, que se sente nos pequeno detalhes, que são trazidos à maioria das extraordinárias cenas deste filme, seja das movimentadas ruas do Cairo, seja nos pátios das mesquitas ou mesmo dos momentos religiosos, dos preceitos, das aulas dos estudantes e dos imãs. A Universidade Al-Azhar, funciona quase como uma personagem e como o centro nevrálgico desta incrível história que parece real ou mesmo baseada em factos reais. A história, no entanto é centrada na personagem do jovem Adam, um inocente que apenas quer ter uma vida melhor e que acaba por ser usado e transformado num ‘bufo’, sem saber muito bem quem e qual a causa, que serve e o seu futuro. Muito bom!». Daqui.

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