«Caras e Caros Colegas,
Queremos assinalar a passagem do Cinquentenário do 25 de Abril e as Comemorações dos 25 anos da Ordem dos Economistas, cuja sessão de encerramento terá lugar a 27 de maio próximo, para evocar a memória de Francisco Pereira de Moura. Nascido a 17 de abril de 1925, viria a falecer em 6 de abril de 1998, com 73 anos de idade, três meses antes da criação, a 2 de julho, da Ordem dos Economistas.
Professor de sucessivas gerações de Economistas, pioneiro e grande impulsionador do ensino e da investigação em macroeconomia em Portugal, o Professor Pereira de Moura, como era conhecido por alunos e colegas, foi também um importante opositor do regime autoritário que vigorou durante quase cinco décadas. Não obstante esta oposição, o professor Pereira de Moura influenciou as ideias desenvolvimentistas e de abertura económica à Europa que se desenvolveram nas décadas de 60 e 70 do século passado e que tiveram materialização nos chamados Planos de Fomento, sobretudo a partir do II Plano (1959-1964), contexto em que se produzem as adesões à EFTA, como membro fundador (1960), ao Banco Mundial e ao FMI (1962) e ao Protocolo do GATT (1962). Uma rotura que seria aprofundada, no Plano Intercalar de Fomento (1965-1967), com o fim do condicionamento industrial e no III Plano de Fomento (1968-1973). O IV Plano de Fomento (1974-1979) viria a sofrer as vicissitudes do 25 de Abril, acabando por ser abandonado, não obstante as tentativas de o recuperar com o chamado Plano Económico de Melo Antunes. Após o 25 de Abril, Francisco Pereira de Moura fez parte do I, IV e V Governos Provisórios, tendo contribuído para a normalização da vida política. Depois disso, regressou à vida académica no ISEG, a sua Escola de sempre.
Recentemente, tomámos conhecimento, através da sua filha, Emília Moura, de uma carta que o Professor Pereira de Moura, na qualidade de membro do colégio eleitoral de designação do Presidente da República, em 1965, enviou aos restantes membros desse Colégio dez dias antes da eleição, marcada para 25 de julho. É um documento notável, sobre a situação política do País que publicamos no site da Ordem e que convidamos todos os colegas a ler (aqui). Um exemplo paradigmático de que a responsabilidade de um Economista exige uma dimensão social e ética que está muito para além da mera competência técnica. No caso do Prof. Pereira de Moura, a assunção desta responsabilidade implicou sérios sacrifícios pessoais e profissionais que, inclusive, levaram à sua detenção e expulsão da Universidade, na sequência de uma vigília contra a guerra colonial na Capela do Rato, realizada no final de 1972. Uma expulsão que só seria revertida, precisamente, na sequência do 25 de Abril, em 1974.
50 anos do 25 de Abril. 25 anos da Ordem dos Economistas. Homenagem a um grande Economista!
As minhas saudações.
António Mendonça
Bastonário»
Queremos assinalar a passagem do Cinquentenário do 25 de Abril e as Comemorações dos 25 anos da Ordem dos Economistas, cuja sessão de encerramento terá lugar a 27 de maio próximo, para evocar a memória de Francisco Pereira de Moura. Nascido a 17 de abril de 1925, viria a falecer em 6 de abril de 1998, com 73 anos de idade, três meses antes da criação, a 2 de julho, da Ordem dos Economistas.
Professor de sucessivas gerações de Economistas, pioneiro e grande impulsionador do ensino e da investigação em macroeconomia em Portugal, o Professor Pereira de Moura, como era conhecido por alunos e colegas, foi também um importante opositor do regime autoritário que vigorou durante quase cinco décadas. Não obstante esta oposição, o professor Pereira de Moura influenciou as ideias desenvolvimentistas e de abertura económica à Europa que se desenvolveram nas décadas de 60 e 70 do século passado e que tiveram materialização nos chamados Planos de Fomento, sobretudo a partir do II Plano (1959-1964), contexto em que se produzem as adesões à EFTA, como membro fundador (1960), ao Banco Mundial e ao FMI (1962) e ao Protocolo do GATT (1962). Uma rotura que seria aprofundada, no Plano Intercalar de Fomento (1965-1967), com o fim do condicionamento industrial e no III Plano de Fomento (1968-1973). O IV Plano de Fomento (1974-1979) viria a sofrer as vicissitudes do 25 de Abril, acabando por ser abandonado, não obstante as tentativas de o recuperar com o chamado Plano Económico de Melo Antunes. Após o 25 de Abril, Francisco Pereira de Moura fez parte do I, IV e V Governos Provisórios, tendo contribuído para a normalização da vida política. Depois disso, regressou à vida académica no ISEG, a sua Escola de sempre.
Recentemente, tomámos conhecimento, através da sua filha, Emília Moura, de uma carta que o Professor Pereira de Moura, na qualidade de membro do colégio eleitoral de designação do Presidente da República, em 1965, enviou aos restantes membros desse Colégio dez dias antes da eleição, marcada para 25 de julho. É um documento notável, sobre a situação política do País que publicamos no site da Ordem e que convidamos todos os colegas a ler (aqui). Um exemplo paradigmático de que a responsabilidade de um Economista exige uma dimensão social e ética que está muito para além da mera competência técnica. No caso do Prof. Pereira de Moura, a assunção desta responsabilidade implicou sérios sacrifícios pessoais e profissionais que, inclusive, levaram à sua detenção e expulsão da Universidade, na sequência de uma vigília contra a guerra colonial na Capela do Rato, realizada no final de 1972. Uma expulsão que só seria revertida, precisamente, na sequência do 25 de Abril, em 1974.
50 anos do 25 de Abril. 25 anos da Ordem dos Economistas. Homenagem a um grande Economista!
As minhas saudações.
António Mendonça
Bastonário»
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