terça-feira, 28 de novembro de 2023

«Universidade de Coimbra cria exposição itinerante sobre os livros proibidos no Estado Novo»

 



«A Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC) apresentou uma exposição que irá circular pelas escolas da região em torno dos livros proibidos e censurados durante o Estado Novo.

Apresentados dentro de duas caixas de madeira com uma frente perfurada, é possível vislumbrar as lombadas dos 30 livros escolhidos, em versões fac-similadas, estando uma das caixas fechada e outra aberta, onde a partir de uma cinta impressa nas obras censuradas os jovens poderão ter acesso a um ‘QR Code’ (um código que é lido pelo telemóvel), que os leva a um excerto da obra proibida ou ao próprio despacho do censor, em textos lidos por actores e actrizes de Coimbra.

A exposição itinerante, concebida pela BGUC, integra as programações oficiais dos 50 anos do 25 de Abril da Universidade de Coimbra e da Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril, estando presentes livros como “Quando os lobos uivam”, de Aquilino Ribeiro, a “Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica”, organizada por Natália Correia, ou o “Quarto Dia”, de Miguel Torga.

Se a maioria das obras escolhidas foram proibidas ou censuradas, há também um caso distinto, o de “Dinossauro Excelentíssimo”, de José Cardoso Pires, que saiu em 1972.

O curador da exposição e director adjunto da BGUC, Maia Amaral, contou, na apresentação da iniciativa, que um deputado ultraconservador, num debate na Assembleia Nacional, usou o exemplo de ter saído “um livro ignóbil chamado ‘Dinossauro Excelentíssimo’” como exemplo da liberdade que se vivia no país. (...)». Continue a ler.



E veja no site da Exposição




De lá:

Bateu à porta o agente / Mostrou o cartão e disse / Fomos informados. / Entrou / Percorreu a casa toda / Revistou revistou os livros./ Era já tarde / Era a segunda vez./ Disse / Tenha cautela. / Saiu / fechou a porta. / Fechei-me.

(Ana Hatherly, Poesia: 1958-1978, p. 62-63)



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