Grupo de investigadores lança apelo para que os menores de 12 anos não usem telemóvel
16.06.2008, Isabel Gorjão Santos
Cientistas dizem que sabemos hoje tanto sobre os perigos do uso dos telemóveis como sabíamos "há 50 anos em relação ao amianto ou ao tabaco"
16.06.2008, Isabel Gorjão Santos
Cientistas dizem que sabemos hoje tanto sobre os perigos do uso dos telemóveis como sabíamos "há 50 anos em relação ao amianto ou ao tabaco"
Um grupo de 19 cientistas e investigadores na área do cancro publicou ontem no periódico francês Journal du Dimanche um apelo para que sejam tomadas medidas de precaução relacionadas com o uso de telemóveis, sobretudo por crianças com menos de 12 anos. Os especialistas defendem que não existem conclusões definitivas de que o uso de telemóveis é inofensivo para a saúde.A iniciativa foi coordenada pelo professor de Psiquiatria David Servvan-Screiber, da Universidade de Pittsburgh. O apelo é subscrito maioritariamente por cientistas franceses, mas também da Itália, da Holanda ou dos Estados Unidos. "Estamos hoje na mesma situação que há 50 anos em relação ao amianto ou ao tabaco", disse ao Journal du Dimanche Thierry Bouillet, especialista em cancro do hospital francês Avicenne de Bobigny, junto a Paris. "Ou não fazemos nada, e aceitamos o risco, ou admitimos que há um conjunto de argumentos científicos inquietantes."No apelo são sugeridas diversas precauções, como proibir o uso de telemóveis pelos menores de 12 anos, excepto em caso de emergência. Mas não só: os aparelhos devem ser mantidos a um metro do corpo e deve usar-se o sistema mãos-livres. Sempre que possível, também deve optar-se pelo envio de mensagens escritas.No apelo é sublinhado que não existe uma prova formal de que o uso de telemóveis é nocivo para a saúde, mas defende-se que existe o risco de o uso prolongado contribuir para o aparecimento de cancro. Os investigadores citam um estudo sueco no qual se conclui que o risco de aparecer um tumor canceroso no lado em que se usa o telemóvel duplica passados dez anos. Referem ainda o relatório norte-americano BioInitiave, que dá conta de um "risco significativo" de aumento de leucemias infantis ou problemas neurológicos.O Ministério da Saúde francês tem defendido que não há nenhuma prova científica que permita dizer actualmente que o uso de telemóveis representa "um risco considerável" para a saúde de adultos ou crianças, salientou a agência AFP. Em Janeiro, duas associações francesas de defesa do ambiente pediram ao Ministério da Saúde que fosse proibida a venda de um telemóvel destinado aos mais novos. Não foi dado seguimento ao pedido, mas houve um apelo por parte do Governo para que os pais tenham prudência em relação ao uso de telemóveis pelos filhos.A dúvida sobre os efeitos dos equipamentos na saúde dos utilizadores tem levado à realização de vários estudos, nem sempre conclusivos. A Organização Mundial de Saúde, por exemplo, está a realizar um estudo internacional que envolve 13 países.O uso excessivo de telemóveis pelos mais novos terá também outros perigos, para além dos riscos para a saúde. No sábado, duas crianças espanholas de 12 e 13 anos foram internadas num centro de saúde mental junto a Barcelona para que seja tratada a sua dependência em relação ao telefone, noticiou o diário espanhol El Mundo. Usavam de forma descontrolada o sistema de comunicação por mensagens em tempo real Messenger e agora ficarão sujeitas a um tratamento que deverá prolongar-se por dois anos. Em média, passavam cinco a seis horas por dia a usar o computador ou o telemóvel.
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